terça-feira, 24 de maio de 2011

Seminário avalia trabalho de 10 anos de pesquisa com os Krahô

Com a finalidade de avaliar os 10 anos de parceria e pesquisa com o povo Krahô, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) reuniram-se com pesquisadores e representantes indígenas na cidade de Palmas para discutir e sistematizar a experiência apresentada no seminário “Pesquisando com os Krahô: dez anos de parceria”, que foi realizado entre os dias 11 e 14 de maio.

O seminário teve por objetivo avaliar o conjunto de trabalhos desenvolvidos ao longo dos dez anos de pesquisas realizadas nas comunidades indígenas Krahô, localizadas no município de Itacajá (TO). Segundo Ivan Stibich, coordenador de Articulação Intersetorial da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento da Funai, “a avaliação crítica proposta pelo seminário comprova o amadurecimento do projeto e visa não apenas o melhoramento e aprofundamento das ações na terra indígena Krahô, mas principalmente, a institucionalização desta ação, com o intuito de expandi-la para outras comunidades, dentre elas os Xavante e os Guarani, uma vez que sestão entre as áreas prioritárias e foco de ações que garantam a segurança alimentar e nutricional e vislumbrem a agro biodiversidade”.

Ao longo do seminário foram apresentadas 37 propostas, que tiveram como focos gerais a segurança alimentar, a capacitação de indígenas e de servidores, o apoio às pesquisas e a articulação com instituições parceiras.

No decorrer da análise dessas propostas e a partir das discussões realizadas pelo grupo de trabalho, foram relacionados os seguintes princípios: maior valorização dos saberes dos anciões (mēhkàre); mais diálogo entre os saberes dos mēhĩ e a dos cupē; execução de atividades que devem atender à dinâmica cultural de cada povo (acompanhar o calendário de produção dos roçados, festas, rituais, resguardos etc); acompanhamento, assistência técnica e apoio contínuo das instituições envolvidas; e garantia de participação ampla de todos os segmentos das comunidades em atividades e projetos.

Outros pontos encaminhados foram: promover a cooperação e o intercâmbio entre povos indígenas; ampliar a atuação da Embrapa na promoção da agrobiodiversidade e da segurança alimentar de povos indígenas, desenvolvendo pesquisas de interesse dos indígenas; promover o empoderamento e a participação indígena pelo uso de metodologias participativas; resgatar pesquisas, diagnósticos e projetos já elaborados; sensibilizar instituições parceiras aos temas e atividades relacionadas aos povos indígenas; atuar de forma articulada; retornar às comunidades o conhecimento produzido (sementes, roças e formas/saberes ligados aos plantios).

As propostas apresentadas foram agrupadas em sete temas: Formação, Educação, Assistência Técnica Rural, Pesquisa, Fomento, Infra-estrutura e Atividades meio, sendo que, em alguns casos, os temas são transversais.

Saiba mais sobre os Krahô

População - 2463 mil indígenas

Nome - Em 1930, os Krahô, indagados pelo etnólogo Curt Nimuendajú, traduziram seu nome como "pêlo (hô) de paca (cra)". Três décadas depois, indivíduos dessa mesma etnia discordavam dessa tradução, afirmando que Krahô era nome de origem civilizada.

Os Krahô chamam a si próprios de Mehim, um termo que no passado era provavelmente também aplicado aos membros dos demais povos falantes de sua língua e que viviam conforme a mesma cultura. A esse conjunto de povos se dá o nome de Timbira. Hoje, Mehim é aplicado a membros de qualquer grupo indígena. A esta ampliação correspondeu uma redução do sentido do termo oposto, Cupe(n), que, de não-Timbira, passou a significar civilizado.

Língua - A língua dos Krahô é a mesma falada pelos demais Timbira que vivem a leste do rio Tocantins. A língua Timbira faz parte da família Jê, por sua vez incluída no tronco Macro-jê. Dentro dessa família, a língua mais próxima é a Kayapó.

A língua Timbira é a primeira que aprendem a falar, mas os rapazes logo dominam o português, pois são os indivíduos do sexo masculino que mais se entrosam com os sertanejos e os que mais viajam.

Localização - Os Krahô vivem no nordeste do estado do Tocantins, na Terra Indígena Kraolândia (homologada pelo Decreto nº 99.062, de 7/3/1990), com 302.533 ha, situada nos municípios de Goiatins e Itacajá. Fica entre os rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves Pequeno, afluentes da margem direita do Tocantins. O cerrado predomina, cortado por estreitas florestas que acompanham os cursos d’água.

Cultura - As aldeias Krahô seguem o ideal Timbira da disposição das casas ao longo de uma larga via circular. A palha está presente no cotidiano, na construção e na maioria dos objetos. Urucu, jenipapo e carvão fixado com pau-de-leite são utilizados na pintura corporal. Em alguns ritos, os Krahô também usam penas coladas ao corpo. O par de toras para corrida é cuidadosamente confeccionado para as comemorações após as caçadas, pescarias e trabalhos coletivos na roça.

2 comentários:

  1. Nossa, fico muito feliz ao ver pesquisadores sem prontificarem a cuidar e preservar as culturas e costumes das sociedades indígenas do Brasil. Gostei de saber um pouco sobre a etnia Krahô.

    Att.

    Camille Miranda

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  2. Gosto muito da cultura Indígena
    trabalho com os índios kuikuros
    e sou apaixonada por isso se tivesse a oportunidade gostaria de aprender mais....
    parabéns pelo trabalho de vocês

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