quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Indígena da etnia Fulni-ô realiza o sonho de concluir a graduação no curso de enfermagem pela UnB

                                                                                       Foto : Mário Vilela
Conquistar o diploma universitário é um sonho prestes a ser realizar para a indígena Eva Aurélia Melo, de 28 anos, da etnia Fulni-ô. A estudante de enfermagem da Universidade de Brasília (UnB) se forma no fim deste ano. Para ela, ser enfermeira é uma realização, “uma profissão brilhante e que tem mais proximidade com o ser humano”, conta.
Eva prestou vestibular para duas universidades, do Pernambuco e para a UnB, na qual foi aprovada. Com a ajuda da Funai, por meio de convênio com a instituição, a estudante pôde se transferir para a capital e iniciar os estudos.
No inicio teve dificuldades em acompanhar as aulas devido as exigências dos professores, porém não a fez desistir do curso. “O processo avaliativo é igual para todos independente de sua etnia. No começo havia insegurança da parte deles, contudo é preciso que você passe confiança de que tem capacidade de estar em uma universidade”.
A estudante mora em Brasília desde 2006, mas pretende voltar para a aldeia Fulni-ô onde nasceu, localizada em Águas Belas/PE. Para ela, deixar a filha Ludmilla, de sete anos, e o marido Josivaldo foi uma decisão difícil. “A família é a base de tudo para o indígena e não se resume em apenas filho e marido, também tenho saudades dos meus irmãos, primos e da minha mãe que me incentivou ir atrás dos meus sonhos”.
Vivendo longe da família e da aldeia, a estudante teve que aprender a adaptar-se aos costumes da nova cidade. “Os primeiros dias na universidade foi um choque cultural. Foi difícil ficar longe dos meus costumes e deixar de falar o yaathê”. Voltar para aldeia e trabalhar a favor do povo indígena é uma das metas para Eva que pretende dar continuidade aos estudos. “Não quero parar na graduação, quero alcançar todas as oportunidade que minha área permite”, conclui.
Fulni-ô
Os índios Fulniô habitam o município de Águas Belas, numa microrregião do Vale do Ipanema, no agreste Pernambucano, a cerca de 275 quilômetros de Recife e 80 quilômetros de Garanhuns. Durante muito tempo identificados como “Carnijó”, os Fulni-ô são os únicos índios do Nordeste que ainda conservam sua língua nativa e especialmente íntegra a sua religião.

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