segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Luta, tradição e respeito aos ensinamentos sagrados são apresentados em Festival indígena no Acre

Começa hoje (25) e vai até 30 de outubro, na aldeia indígena Nova Esperança da Terra Indígena Rio Gregório, entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, o IX Festival Yawa, que celebra a independência e a conquista das terras dos povos Yawanawá além de apresentar os cantos, tradições e costumes da etnia. A primeira edição do festival foi realizada em 2002, mas somente a partir de 2008 houve participação de turistas do mundo inteiro, como finlandeses, ingleses, americanos e pessoas da América Latina.

O Festival Yawa é uma representação da resistência e sobrevivência dos índios contra a colonização e exploração por conta do Ouro Negro (látex), que gerava lucros a exploradores internacionais. O Festival é realizado pelos indígenas que relacionam suas atividades e brincadeiras com a vida espiritual e sobre medicina sagrada; cheios de crenças e costumes os índios demonstram a “reafirmação da sua cultura, depois de muitos anos escondidos”, comenta Djalma Rodrigues Porto, coordenador Regional da Funai no Acre. O coordenador relata, ainda, que os indígenas têm autonomia na realização do Festival, com relação à logística, estrutura, programação. “As ações são todas coordenadas pelos próprios Yawanawá”, reafirma.

Entre os costumes e tradições mostradas pelo Yawanawá vale destacar a prova da espinha de peixe, realizada por indígenas que estejam com “desejo de vingança”. Em duplas, cada oponente dá duas investidas a toda força com talo de bananeira nas costas do outro. Ao final, a dupla exibe orgulhosamente as marcas das chibatadas e dão as mãos sinalizando que as pendências entre eles estão resolvidas. Podem participar da prova mulheres e crianças. Dentro do festival é possível degustar a culinária típica da etnia, cujos ingredientes predominantes são as carnes de caça e peixes, além de iguarias à base de batata, milho, banana e mamão. Também são utilizados elementos de rituais sagrados, como rapé e ayahuasca.

Para chegar à Aldeia Nova Esperança, o visitante deve pegar um vôo de Rio Branco até um dos dois municípios que ficam em volta da terra indígena e depois percorrer a BR 364, até a ponte do Rio Gregório. Na ponte, pequenos barcos fazem o trajeto até a aldeia. O deslocamento pode durar até 8h por conta das condições de navegabilidade, mas o tempo é compensado pela paisagem que proporciona a floresta, inspiração para os turistas.

Yawanawá – Informações

O ressurgimento pleno de uma identidade cultural após cem anos de dominação soa como um milagre que teve de ser buscado à custa de muito suor e trabalho por parte das novas lideranças, com o apoio dos mais antigos e demais integrantes desse povo. Os órgãos Federais receberam a visita de estudiosos em Brasília, assim em 1975 foi reconhecida a existência de índios no Acre, o povo Yawanawá.

Em 1984 houve o reconhecimento das terras e em 1986, a demarcação de 92.850 hectares que já foram ampliado em mais de 187 mil hectares, que cobrem toda a bacia desde as nascentes do rio Gregório e afluentes. Só na aldeia Nova Esperança, estima-se que vivam mais de 430 Yawanawás, além das aldeias Mutum, Matrinchã, Amparo, Tibúrcio, Escondido e Sete Estrelas, esta última com dominância Katuquina. Os dois povos tradicionalmente convivem e casam entre si, mas apresentam diferenças marcantes nos costumes e rituais.

O Festival Yawa é realizado desde 2002 como uma necessidade do povo Yawanawá de resgatar as histórias, costumes, tradições e cultura, abandonados após dezenas de anos de colonização.




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