Em meio às terras indígenas no estado do Mato Grosso, a Fundação Nacional do Índio vem trabalhando um programa de desenvolvimento sustentável com os índios da etnia Cinta-Larga. Com auxílio para o extrativismo da borracha e da castanha, as comunidades indígenas buscam novas fontes de renda aliadas à sustentabilidade. Ao invés de serem atravessadores, os índios estão organizando seu trabalho para a venda direta da sua produção.
O Coordenador da Funai em Juína-MT, Antônio Carlos, comenta que com os 800 kits adquiridos para a extração da seringa, a produção da borracha Cernambi Virgem Prensada (CVP) está sendo realizada em várias aldeias Cinta-Larga. “Hoje, temos uma quantidade muito grande de borracha para vender, mas os indígenas querem juntar mais” afirma Antônio Carlos, quando menciona a participação direta das lideranças indígenas que estão a favor dessa nova atividade para o desenvolvimento econômico. O programa de sustentabilidade fortalece, também, o protagonismo indígena na ação de proteção territorial, pois há mais de 20 anos os Cinta-Larga vem sofrendo com o aliciamento de fazendeiros, grileiros e pessoas diretamente envolvidas na exploração ilegal de madeiras em terras indígenas.
Nas terras indígenas Serra Morena e Parque Indígena do Aripuanã em Mato Grosso, estava ocorrendo a extração de toras de madeiras ilegais feita por madeireiros e fazendeiros que ofereciam aos indígenas dinheiro para alimentação, saúde até mesmo a doação de carros para as comunidades indígenas em troca pela exploração ilegal de madeiras nas suas terras. Alguns índios aceitavam isso como uma forma de conseguir renda para as comunidades. Tentando coibir esse aliciamento e também com o objetivo de proteção das terras indígenas, a Funai em ação conjunta com o Ibama e participação da Policia Federal estão ingressando nas terras para fazer apreensão de madeiras exploradas ilegalmente e de maquinários usados nessa atividade, além de pessoas envolvidas nessas ações clandestinas.
Na última Operação Arco de Fogo realizada pelos órgãos Federais, que terminou segunda-feira (11), houve a apreensão de 9 pessoas envolvidas diretamente na retirada de madeiras, além de máquinas e o confisco aproximado de 1000m³ de torras de madeiras derrubadas ilegais. Na apreensão foram encontradas inúmeras documentações que serão analisadas pelos investigadores e peritos da Polícia Federal, em Juína/MT.
Para evitar a continuidade dessas explorações ilegais, os índios estão sendo conscientizados para que não aceitem ofertas em troca de madeira e que façam a denuncia para os órgãos responsáveis. O coordenador da Funai comenta sobre o fato de os índios estarem favoráveis a novas formas de arrecadação financeiro, e isso está sendo fruto do trabalho do extrativismo da castanha e borracha “A venda da madeira era um lucro falso, com o extrativismo da borracha, será uma forma de resgatar a identidade cultural, e com a venda da borracha e da castanha, os próprios índios irão colocar a mão na massa e dar valor a cada gota de suor”, afirma Antônio Carlos.
A Operação Arco de Fogo continua por todo o Brasil para conter ações clandestinas de derrubadas de madeiras e também continuará nas terras dos povos indígenas. As últimas apreensões feitas em Serra Morena e no Parque de Aripuanã, no Noroeste de Mato Grosso, estão sendo acompanhadas pela Coordenação Regional da Funai em Juína/MT, que está trabalhando para a retirada dos maquinários apreendidos e do manejo das toras de madeiras derrubadas, que se encontram espalhadas pelas terras indígenas: “A primeira ação é elaborar um inventário de todas as máquinas apreendidas e fazer com que sejam disponibilizadas para a comunidade ou levadas a leilão, para que o arrecadamento seja revertido em auxílios aos indígenas”, conta Antônio Carlos. Além do procedimento de leilão das madeiras e dos maquinários tomados na operação, a Funai trabalha para que, dentre estes, os itens úteis à extração de borracha e de castanha sejam repassados às comunidades.
Operação Arco de Fogo
A denominação de Arco de Fogo faz referência ao formato da área de desmatamento observada por satélite, abrangendo partes de Rondônia, Pará e Mato Grosso. A operação envolve ações de fiscalização, de planos de manejo (locais de extração legal de madeira), medição do produto em pátios de madeireiras para verificação da legalidade da madeira vendida e mantida em depósito e, nas estradas, fiscalização do transporte.
Esse trabalho é nossa esperança de um futuro melhor, sem aliciamento, exploração e roubo.
ResponderExcluirEstamos reaprendendo a andar com nossas próprias pernas.
Muito Bem... parabéns aos Cinta Larga, pela força de vontade em acabar com a exploração ilegal de suas terras...
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