A indígena Maria Augusta Xipaia foi registrada em 1946, “mas sou bem mais velha”, disse ela, que mora na cidade de Altamira (PA) há sete anos. Nesta terça-feira (22/6), a cidade adotada por Xipaia receberá a visita do presidente Lula para tratar da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Ela nasceu na região de Caruá que tem o município de Altamira como pólo. Hoje, a área em que a presidente da associação Kirinapãn (que em seu dialeto quer dizer “periquitos verdes”) lembra e muito os pequenos pássaros que dão nome ao seu movimento: ela é alegre e conserva a sinceridade daqueles que não apenas estão perto da natureza, mas são a própria natureza viva.
“Eu quero ver melhorar a realidade de meu povo e da população branca também porque eu não faço só pelos indígenas, eu faço pelos brancos pobres também, por isso, eu nunca fui contra Belo Monte”.
Filha de mãe curupaia e pai xipaia, a matriarca de oito filhos conta que sua mãe “saiu do mato porque os guaiapós mataram muitos auruaras e a tradição xipaia se misturou com os brancos e os jurunas”. Xipaia explica que não voltou a morar no mato por causa de sua família e, atualmente, vive de artesanato.
Eu acho bonito a pessoa saber das coisas. Eu trabalhei dia e noite e consegui comprar um computador para meus filhos”, diz a índia com orgulho.
Embora seja analfabeta, ela sabe muito bem o que quer: “respeito aos povos indígenas – os da cidade e os que moram nas aldeias, porque é muito triste chegar na casa de um parente (os indígenas se referem entre si como parente), não ter o que comer e o homem branco pobre também não”.
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