Foto: Fábio Freitas/Embrapa |
Essa ação é muito importante e representativa do ponto de vista científico, pois marca o fim de um ciclo (coleta de amostras – conservação – recuperação – devolução). As sementes de milho foram coletadas no ano 2000, em parceria com a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, com o objetivo de mapear a situação agrícola das aldeias do Parque Indígena do Xingu. Em 2001, foram enviadas à Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, onde foram incorporadas ao sistema de conservação de milho, nas câmaras de conservação daquela Unidade.
Em 2010, recebemos uma carta dos índios Kayabi das diversas aldeias do Parque Indígena do Xingu, solicitando ajuda para recuperarem variedades tradicionais de milho que haviam perdido.
Entramos em contato com a curadora da coleção de milho da Embrapa Milho e Sorgo, Flávia França, que localizou as sementes oriundas da aldeia Kayabi, e iniciou o processo de multiplicação, de forma a obter um volume grande de sementes para podermos distribuir ao povo indígena.
Em 2012, na véspera de se iniciar o ano agrícola de 2012/2013, as sementes foram, então, entregues diretamente ao cacique Siranhu e sua comunidade da aldeia Ilha Grande.
Essa ação nos deixou muito felizes, pois é uma prova concreta da relevância da conservação de espécies vegetais e reforça a importância da complementaridade entre a conservação in situ (no local de origem das espécies) e ex situ (fora do local de origem).
Embrapa e povos indígenas: parceria de sucesso em prol da sustentabilidade
A ação mostrou ainda que, mesmo em uma aldeia muito comprometida com a manutenção dos seus cultivos tradicionais como é o caso da Kayabi, fatores internos e externos podem levar a perda de produtos agrícolas. E é neste espaço que a Embrapa, dentro de sua missão de conservar recursos genéticos para o futuro, pode se inserir com competência e ajudar.
As sementes devolvidas servirão não apenas para a aldeia Ilha Grande, mas também para outras etnias Kayabi do Xingu. A divisão e entrega serão feitas pelo cacique Siranhu, em função da dinâmica cultural daquele povo.
Este tipo de ação permite o fortalecimento cultural da comunidade atendida, uma vez que garante o resgate de variedades tradicionais, com o uso alimentar e folclórico a elas relacionados. Permite ainda que uma diversidade maior de espécies e variedades esteja disponível para manejo das comunidades, alem de fortalecer a relação entre a Embrapa e a comunidade, pois mostramos na prática que podemos ser parceiros na conservação de suas sementes.
Fonte: Embrapa
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